As células-tronco mesenquimais (MSCs) são células indiferenciadas, multipotentes e autorrenováveis, com potencial para se diferenciar em diversos tipos de tecidos, como osteoblastos, adipócitos e condrócitos. Elas têm sido amplamente exploradas na medicina regenerativa devido às suas capacidades de regeneração e imunomodulação. Embora medula óssea e tecido adiposo sejam fontes tradicionais, tecidos dentários emergiram como uma alternativa promissora nas últimas décadas, especialmente devido à acessibilidade e características únicas dessas células.

As MSCs derivadas de tecidos dentários (DSCs) compartilham características fundamentais com outras MSCs, como a capacidade de autorrenovação e multipotência. Identificadas pela primeira vez na polpa dentária, as DSCs também foram encontradas em outras estruturas dentárias, como o ligamento periodontal, a papila apical e dentes decíduos esfoliados. Além disso, tecidos circundantes, como gengiva e a almofada de gordura bucal, também são fontes ricas em MSCs. Essas células têm demonstrado potencial em aplicações regenerativas orais e maxilofaciais, incluindo reparação óssea, regeneração periodontal e endodôntica.

Estudos clínicos recentes destacam o uso de DSCs para regeneração de tecidos orodentais e maxilofaciais, bem como para o tratamento de condições sistêmicas, como osteoartrite e complicações associadas à COVID-19. As terapias baseadas em DSCs também exploram o uso de secretomas celulares, que contêm fatores bioativos responsáveis por modular processos de cicatrização e regeneração. Essa abordagem tem o potencial de estender a aplicação das DSCs além do campo odontológico, tornando-as relevantes para várias áreas da medicina regenerativa.

Apesar dos avanços, desafios significativos restringem o uso generalizado de DSCs. Entre eles estão a dificuldade em padronizar a preparação de células autólogas, a caracterização insuficiente de marcadores de superfície celular, custos elevados de produção e conformidade regulatória rigorosa. Além disso, a complexidade de algumas estruturas odontológicas, como o periodonto, exige controle preciso do processo de regeneração, o que requer combinações de DSCs com andaimes biomateriais desenvolvidos com base em princípios de engenharia tecidual.

A utilização clínica de DSCs demanda um fluxo de trabalho rigoroso, que inclui caracterização das células, triagem de marcadores de superfície, cultivo in vitro para aumentar a quantidade celular e determinação da via ideal de administração. As opções incluem injeções locais ou administração intravenosa, dependendo do tipo de tratamento. Ensaios clínicos padronizados são necessários para estabelecer protocolos consistentes de obtenção, propagação, dosagem e entrega das células, além de validações em grande escala para sua aplicação prática.

Em síntese, as DSCs representam uma abordagem inovadora e promissora na medicina regenerativa, com aplicações clínicas odontológicas e não odontológicas. No entanto, para que possam ser amplamente integradas à prática clínica, ainda é necessário superar desafios técnicos, financeiros e regulatórios. Ensaios clínicos de fase 3 e estudos adicionais serão cruciais para solidificar o papel das DSCs como ferramentas terapêuticas no futuro da regeneração tecidual e do manejo de doenças sistêmicas.

Fonte: Journal of Dental Research

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